Eu:
Francamente eu não entendo qual é a graça em sair beijando o primeiro cara
gatinho que aparecer – dizia par a meu melhor amigo Omar enquanto observava uma
garota se atracando com um garoto no canto do pátio
Omar:
Talvez seja porque você nunca fez isso – comentou distraído
Eu:
Isso não significa nada – sai dali, ele sabe que odeio quando comentam sobre o
fato de eu nunca ter beijado alguém de verdade.
Omar:
S/N! – o ouvi, mas ignorei – Hey! Espere! – me alcançou e me fez parar
Eu:
O que? – cuspi as palavras
Omar:
Ficou brava com o que eu disse?
Eu:
Não.
Omar:
Ficou sim.
Eu:
Se sabe por que perguntou então?
Omar:
Por que adoro essa cara irritada que você faz – disse com aquele sorriso lindo
que só ele tem
Eu:
Idiota – cruzei os braços, mas não conseguia ficar brava de verdade com ele,
não com ele sorrindo daquele jeito o que me fez rir
Omar:
Vamos volta para aula?
Eu:
E eu tenho escolha? – ele passou o braço em volta do meu pescoço
Omar:
Não mesmo.
...
Professora:
Meus amores! – já era quase fim da aula
Felix:
Ah, lá vem bomba. Vai dê inicio a guerra. – todos rimos
Professora:
Engraçadinho. Quero que façam um trabalho sobre bla bla bla com uma maquete
representando como acontece bla bla bla para semana que vem.
Felix:
Não disse? É a terceira guerra mundial!
Professora:
Menos Felix, bem menos. Até semana que vem.
Omar:
E aí? Vai fazer com quem?
Eu:
Ah, com um garoto muito gato. – pisquei e ele fechou a cara
Omar:
Quem?
Eu:
Se estou certa, ele além de lindo, é talentoso, muito gente boa, engraçado,
debochado e veio da Venezuela.
Omar:
O que?
Eu:
Nossa! Você é muito lerdo! – ri e comecei andar – Passa lá em casa mais tarde
para fazermos o trabalho.
Omar:
Que? Mas e o cara da Venezuela. Afinal quem é sua dupla? – eu o olhei e ele
estava mesmo falando sério.
Amava
ver ele confuso e comecei a rir e andar. Omar nunca percebera, mas eu gosto
dele muito mais do que apenas melhor amigo. Talvez eu nunca tenha deixado
transparecer isso. Um erro talvez.
Sempre
que alguém me pergunta “Você gosta dele?” minha vontade é de dizer “Não. Eu o
amo.” Mas ao invés disso, sempre respondo “Sim, ele é meu melhor amigo”. Também
nunca beijei ninguém, pois é com ele que sonhei ter meu primeiro beijo, minha
primeira vez. Mas nunca aconteceu.
Ele
não sabe, mas é nele que eu penso antes de dormir, quando acordo. Em todos os
momentos.
...
Em
casa, após o almoço, tomei um banho bem relaxante e me vesti.
De repente começo ouvir a campainha tocar incansavelmente, me assustei e desci
correndo achando que algo errado poderia estar acontecendo. Abri a porta
desesperada e vejo Omar com um sorriso sapeca e os materiais para a maquete na
mão.
Eu:
Você é maluco? Morreu alguém? Por que fez isso? – tentei recuperar o folego e
ajeitei o cabelo num coque
Omar:
Estava com saudades. – sorriu e meu coração acelerou. Como queria que aquilo
fosse verdade
Eu:
Idiota. Entra logo. – entrou
Omar:
Cadê minha mãe?
Eu:
Sua mãe?
Omar:
Sim, Srta. (Nome Da Sua mãe) Rudberg.
Eu:
O que? Cale essa boca senhor Rudberg, ela é MINHA mãe. Só minha!
Omar:
Acho que somos irmãos.
Eu:
Não somos não!
Omar:
Tem razão. Eu sou mais bonito – se jogou no sofá
Eu:
Ah! Pare de falar merda e vamos começar logo isso. – rimos
Passaram-se
duas horas e nem tínhamos começado ainda. Suspirei irritada.
Eu:
Omar! Assim não dá. Não consigo fazer isso sozinha!
Omar:
Hey! Eu estou aqui!
Eu:
É mesmo?! – falei sarcástica
Omar:
Sim. E você deveria dar mais valor ao MEU APOIO MORAL! – falou como se
estivesse indignado – Se eu fosse você, iria buscar uma lata de refrigerante
para mim.
Eu:
Eu vou matar você! – pulei em cima dele o estapeando no sofá
Omar:
Ai! Pare, aah!
Eu:
Você acha que pode vir aqui na minha casa, quase me matar de susto, querer
roubar minha mãe, não me ajudar com o trabalho que deveríamos fazer JUNTOS e
ainda exigir refrigerante?! – continuei batendo nele e ele rindo
Omar:
Eu posso tudo! – debochou e me segurou
Eu:
Não ouse – o avisei
Omar:
Eu ouso sim. – me jogou no chão ficando em cima de mim.
Estávamos
rindo, mas paramos assim que nossos olhos se encontraram. Estávamos muito
próximos, nossas respirações descontroladas se misturavam. Ele se aproximou
mais e nossos lábios quase se tocavam. Meu coração parecia que ia explodir. Fechei
os olhos e esperei.
Omar:
Desculpe... – abri os olhos e notei os olhos dele marejados – Não posso fazer
isso – era clara a tristeza e sua voz e ele se levantou – Me perdoe – ele
simplesmente pegou a mochila e partiu sem sequer olhar para trás.
Eu
fiquei lá, parada no mesmo lugar. Não sabia o que sentia. Raiva, decepção,
rejeição. Não sabia, mas sabia que estava doendo, muito. Encolhi-me ali mesmo e
me pus a chorar até cair no sono.
No
dia seguinte minha mãe não permitiu que eu faltasse, não quis dizer o motivo
então fui para escola sem o menor animo. Cheguei atrasada, corri meus olhos
pela sala e o vi. Aquele olhar triste me matava, ele estava debruçado na mesa
sem nem prestar atenção na aula. Não sabia se deveria falar com ele. E mesmo
que devesse, o que eu iria falar? “Oi
Omar, como vai? Então queria saber por que me deixou ontem no chão com cara de
retardada?” Não, não conseguiria falar com ele. Sentei-me e notei que ele
levantou a cabeça para me ver. Tive a impressão de ele tentar dizer algo, mas
não disse.
As
horas pareciam que não passavam nunca. Foi a manhã mais longa da minha vida.
Finalmente o sinal para saída tocou e eu peguei minhas coisas. Mas antes que me
virasse para sair da sala...
Omar:
Podemos conversar? – ele parecia tenso.
Concordei
e o acompanhei. Ficamos em silêncio por uns cinco minutos até ele finalmente
quebrar o silêncio que já era constrangedor.
Omar:
Sobre ontem. Queria te pedir desculpas por... por...
Eu:
Por quase me beijar, mas ao invés disso me largar sozinha com cara de otária no
chão da sala?
Omar:
É basicamente isso... Acontece que... ehr...
Eu:
O que? Que droga Omar você... – respirei – Você não podia ter simplesmente me
beijado? Porra será que é tão difícil assim ver que eu gosto de você? Que eu
sou louca por você? Qual é o problema? Eu não sou boa o suficiente?
Omar:
É exatamente o contrário – o olhei confusa – Você É boa demais para mim. É isso que me dá medo. Não vou dizer é
porque somos amigos, que não quero estragar amizade, nada dessa coisa cliché.
Mas você é incrível S/N. Você está sempre comigo, passa por cima dos seus
problemas para me ajudar com os meus. Está sempre me fazendo rir mesmo quando
tudo que quero é chorar. Você está sempre me apoiando. Você quem alegra meu
dia, me deixa calmo...
Eu:
Que? – minha voz saiu quase como um sussurro
Omar:
O problema é que eu sou muito inseguro. Eu te quero, mas não sei se sou bom o
bastante para você. – suspirou cansado.
Fiquei
alguns segundos em silêncio até processar tudo aquilo.
Eu:
Nunca precisou ser – eu sorri sentindo lagrimas de felicidade rolarem em meu
rosto – Não quero que seja. Só quero que seja você, só quero que seja meu. –
ele sorriu aliviado. Acariciei seu rosto
Omar: Ok’ acho que posso te
beijar agora né? – assenti e ele me puxou delicadamente pela cintura, acariciou
meu rosto e finalmente me beijou calmamente. – Isso me lembra uma musica – dei
risada – I wanna be last yeah
/ Baby let me be your, let me be your last first kiss / I wanna be first
yeah / Wanna be the first to take it all the way like this / And
if you only knew I wanna be last yeah / Baby let me be your last, your
last first kiss – sorrimos e nos beijamos novamente.
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